Descobrir-se atraído pelo mesmo sexo, nem sempre é uma experiência fácil de ser entendida e enfrentada. Isso porque desde pequenos recebemos mensagens que nos dizem “menino brinca de carrinho e menina brinca de boneca”, “menino namora menina e menina namora menino”. Contudo esse modelo de comportamento sexual (heterossexual) não dá conta da variedade de expressões e sentimentos, tanto relacionados a gênero (masculinidade e feminilidade) como a orientação sexual (homossexual, bissexual, heterossexual e transgênero).
Ao descobrir-se atraído por pessoas do mesmo sexo, parece iniciar-se um conflito, pois não havendo espaço para se identificar com modelos mais próximos do que sentimos e desejamos, surge na maioria das vezes um sentimento de isolamento e acreditamos – com maior ou menor consciência – que não somos iguais à grande massa (heterossexual).
Muitos indivíduos procuram esconder seus sentimentos e desejos, tanto da família como de amigos e na tentativa de ser “igual” adotam posturas semelhantes aos amigos heterossexuais tentando encaixar-se no modelo vigente. Coloco uma pergunta a você leitor e gostaria que refletisse de forma honesta consigo: quando tento me encaixar em qualquer modelo de comportamento que seja, negando o que quero, sinto, percebo e às vezes tenho certeza, só para mostrar aos outros que sou esse modelo, isso me trás conseqüências positivas ou negativas? Provavelmente você chegará à conclusão que ser o que as outras pessoas querem que sejamos, algumas vezes é vantajoso e em outras não. Por exemplo, temos uma reunião de trabalho com chefe e diretoria e nosso objetivo é apresentar resultados referentes ao nosso departamento, adotamos uma “postura/modelo” adequado para aquela situação e somos ao final elogiados, bem avaliados de forma geral. A probabilidade de repetirmos essa postura em outras situações semelhantes é grande, porque fomos aprovados e nos sentimos bem com isso.
Contudo será que a orientação sexual encaixa-se nessa situação? Não, pois o que você sente em relação à sua sexualidade não poderá ser abafado sem sofrimento, talvez a curto prazo você tenha a sensação de que isso não fará diferença, mas a longo prazo você estará negando-se enquanto pessoa e terá como resultado uma vida vivida para os outros e os outros estarão sempre felizes com você. E você como ficará nessa história? Terá vivido tudo que quis? Terá orgulho em carregar possibilidades que não se concluíram?
Quanto à orientação sexual, ela te acompanhará pelo resto da vida, pois sexo-afeto não deixarão de existir pelo simples fato de não se olhar para eles. Refiro-me à orientação sexual como: o que sentimos predominantemente em relação ao mesmo sexo, sexo oposto ou aos dois sexos, tanto afetivamente quanto sexualmente. Sentir-se orientado afetivamente e sexualmente pelo mesmo sexo foi considerado doença e desvio de comportamento no passado, hoje se sabe que a homossexualidade não é doença, desvio de comportamento, nem algo passageiro. Quem tentar retroceder voltando a pregar qualquer conceito negativo a esse respeito estará sendo preconceituoso, pois a homossexualidade constitui-se da mesma forma que a heterossexualidade, influenciada por múltiplos fatores da nossa história de vida, genéticos e ambientais.
Ser homossexual ou bissexual não é doença, é fato comum na nossa espécie e, portanto deve ser encarado como normal e ao invés de adotarmos posturas negativas em relação ao que sentimos, é importante aceitar-se da forma que se é e procurar ajuda profissional quando não estamos dando conta dessas questões sozinhos. O psicólogo está capacitado a te ajudar a explorar essas questões de forma honesta e não preconceituosa, auxiliando na construção de uma identidade positiva e saudável. A sua sexualidade não é você, mas sim uma parte importante de você.
Até mais.Hannamay
Nenhum comentário:
Postar um comentário