24 de dez. de 2010

O ENCONTRO DE DUDU COM O BOM VELHINHO LINDO CONTO......




















Dudu, que se chama Maria de Jesus mas todo mundo só conhece como Dudu, tinha 15 anos quando descobriu que Papai Noel existia. E só acreditou quando viu o bom velhinho na televisão, numa propaganda, lá em Mucuíba, que hoje se chama Senador La Roque e fica pras bandas de Imperatriz, no Maranhão. Mas como a tevê _ a primeira que o pai, o lavrador Pedro Noleto, pôde comprar na vida _ era em preto e branco, Dudu levou mais uns bons quatro anos para saber que Papai Noel tinha roupa vermelha em vez de cinza.

Até o dia em que Papai Noel entrou assim meio de supetão na sua casa e na sua vida _ não pela chaminé, mas pela antena espetada no topo da casinha de taipa _ Dudu nunca tinha ouvido falar em Papai Noel. Ela até sabia que existia Natal, embora Natal fosse um dia como qualquer outro na rotina da família pobre de oito filhos.

(Cabe aqui um pulinho no tempo, 11 anos à frente, até 1999: Maria de Jesus Ferreira de Souza, a Dudu, mora em Santo Antonio do Descoberto, trabalha como doméstica na Asa Norte, tem 26 anos e nunca _ isso mesmo: nunca (antes deste dezembro de 1999) _ comemorou Natal; nunca teve árvore de Natal; nunca ganhou presente de Natal. Ah, mas continua acreditando em Papai Noel. Aliás, Dudu agora acredita em Papai Noel mais do que nunca, como veremos nos próximos capítulos.)


A BONECA DO MILHARAL

Dudu tem dez anos, vive numa cidadezinha perdida no mapa do Maranhão que tinha e ainda tem um nome muito engraçado: Tuntum. Dudu tem dez anos e não sabe o que é brinquedo. Já ajuda o pai a capinar roça, como no futuro, quando a família for tentar a sorte em Mucuíba, continuará ajudando na capina e fazendo comida para os irmãos lavradores.

Na verdade, não é que Dudu não saiba o que é brinquedo. Ela sabe, o ruim é que nunca pôde ganhar um. Como o que não tem remédio remediado está, Dudu brinca com o único modelo de boneca disponível para as meninas que moram no Tuntum e são pobres que nem ela: uma espiga de milho.

Dudu vai até o milharal e apanha uma espiga, que deve ainda estar vestida de palha, antes de começarem a nascer os carocinhos de milho. Escolhe a espiga pela cabeleira mais bonita, amarela ou vermelha, que assim vira uma boneca loira ou ruiva. A boneca de Dudu, portanto, não se aparece nada com a dona, que tem cabelo preto que nem asa de graúna.

Que ninguém pense que Dudu tem uma coleção dessas bonecas que ela veste com trapos de pano e põe pra dormir todas as noites, junto com oito crianças que se espremem no único quarto do casebre. Não, essa boneca, que parece ser de graça, na verdade custa muito: cada espiga loira ou ruiva arrancada do milharal para dormir nos sonhos de Dudu é uma espiga de milho a menos na comida da família.


A ESPERA

Desde o dia em que descobriu que Papai Noel existe, o Natal de Dudu nunca mais foi o mesmo. Quer dizer, continuou um dia sem árvore de Natal e sem presentes como todos os outros dias. Mas agora com uma esperança. E é assim que quando chega a noite de 24 de dezembro, Dudu põe a boneca de milho para dormir e mal consegue pregar o olho: em vez da espiga de milho, espera acordar com uma boneca de verdade, de plástico, dormindo ao lado.

É que _ pergunta daqui, pergunta dali _ Dudu ficou sabendo que o tal Papai Noel anda por aí arrastando um saco de pano cheio de brinquedo, para distribuir para as crianças.

Quando abre os olhos na manhã de 25 de dezembro e vê que a espiga não se transformou numa boneca que anda, bate palminha, fala "Mamãe", canta ou pelo menos tem braço, perna, olho, boca e cabelo de gente em vez de cabeleira de milho, Dudu fica triste. Mas não muito:

"Deve ter criança mais pobre do que eu, mais precisada de Papai Noel. No ano que vem ele vem", pensa Dudu. E segue esperando. Até que um dia se cansa.

(Não deveria ter se cansado, como veremos nos próximos capítulos.)


O MELHOR E O PIOR

Dudu tem 19 anos e mora em Imperatriz quando se cansa de esperar Papai Noel. E se casa com Edilon, que dois anos depois lhe dá o único filho, Alex.

A vida melhora. Edilon é motorista, filho de seu José Rodrigues, fiscal da prefeitura de Imperatriz. Dudu agora tem tevê em cores, já sabe que Papai Noel é ainda mais bonito porque tem a roupa vermelha em vez de cinza, mas acha que é muito tarde, que é grande demais para seguir esperando por ele.

A vida piora quando um policial militar bêbado mata seu José Rodrigues e Edilon, revoltado com a morte do pai e com a impunidade do assassino, resolve ir embora de Imperatriz. Primeiro para Goiânia, depois para o Distrito Federal, onde a família desembarca em março deste ano. Dudu, Edilon e Alex vão morar numa casinha ainda em construção em Santo Antonio do Descoberto. Dudu vira doméstica, Edilon compra um balde de graxa e uma bomba, que põe nas costas e sai de posto em posto, oferecendo-se para lubrificar caminhões.

A vida piora de novo na noite de agosto em que Edilon é assaltado ao chegar em casa. Tenta reagir, leva sete tiros _ na boca, cabeça, pulmão, braço, perna _ e fica sem os R$ 50,00 que trazia. Sobrevive, mas precisa fazer cinco cirurgias na boca. Mesmo assim, Edilon continua carregando nas costas a bomba de lubrificar que pesa 10 kg. Mesmo assim, Dudu continua acreditando em Papai Noel, apesar de grande.

(Tinha razão em continuar acreditando, como veremos nos últimos capítulos.)


A FOTOGRAFIA

Um dia, a patroa perguntou a Dudu, que agora tem 26 anos, se ela não queria levar Alex ao shopping, para tirar uma foto ao lado de Papai Noel. (No futuro, será difícil dizer quem ficou mais alegre e perdeu mais noites de sono com o convite, a mãe ou o filho.) E é assim que nessa segunda-feira, quando faltam cinco dias para o Natal, a patroa leva Dudu e Alex ao Pátio Brasil. Dudu, que nunca viu Papai Noel ao vivo, também nunca entrou num shopping. Vê as vitrines, as luzes coloridas, as árvores de Natal de todos os tamanhos e tipos, as escadas rolantes, o elevador panorâmico, mas nada que se compare ao velhinho de barba branca e roupa vermelha sentado na cadeira, que verá a seguir.

É o encontro que esperou a vida quase toda. E Dudu não sabe o que dizer. Fica parada, olhando de longe, com uma pontinha de inveja boa, o filho que abraça e beija e tira retrato com Papai Noel. Só estranha quando Papai Noel abre a boca do saco de pano vermelho e tira de dentro uma bala, que entrega a Alex:

"Ué, Papai Noel distribui não é brinquedo?"


UMA PESSOA DO CÉU

"Escada rolante eu já conhecia, da Rodoviária do Plano Piloto. Elevador tem no meu emprego, lá na Asa Norte, se bem que o do shopping é transparente. Shopping é uma coisa bonita, tudo nele é bonito, mas eu queria mesmo era ver o Papai Noel. Só que não dava para ver de longe, porque a cadeira dele fica meio recuada. Quando a gente foi chegando perto, eu primeiro vi as mocinhas vestidas de Papai Noel. De repente, ele apareceu. O Alex largou minha mão, saiu correndo, foi abraçar ele. Eu também queria correr, queria abraçar, queria tirar retrato, mas não tive coragem, fiquei com vergonha. Eu não sei bem quem é Papai Noel, acho que é uma pessoa do céu. Nossa, como eu esperei por ele!... Vi na televisão que quando é Natal ele vem do céu para a terra numa carrocinha, puxada por uns bichos parecidos com cavalo, mas não é cavalo, o Alex acha que é burrinho, mas é também não. Antes eu pensava que só existia um Papai Noel, depois comecei a achar que tinha um em cada cidade: Brasília, Imperatriz, Tuntum.... Hoje eu sei que todo shopping tem Papai Noel, mas como ele não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, tem gente, gente comum, que se veste como se fosse ele. Mas um desses é o verdadeiro Papai Noel. Pena que a gente não sabe qual..."


EPÍLOGO

Sexta-feira, véspera do Natal mais importante da vida de Dudu. Pela primeira vez ganhou presente (roupas, um relógio e um frasco de perfume, dados pela patroa). Pela primeira vez, viu Papai Noel. E hoje está de volta ao shopping, para fazer, ao lado de Papai Noel, a fotografia que ilustra esta história de Natal.

Menos tímida que da primeira vez, Dudu agora chega bem pertinho de Papai Noel. Beija o rosto dele, alisa as barbas brancas, que têm a textura do algodão, dá um abraço apertado. E só então, depois de tudo, chora.


(Explicação técnica)

A fotografia que ilustra esta história de Natal levou um quarto de segundo (1/250) para ser feita: o tempo necessário para a câmera escura deixar entrar a luz que eternizou o momento eterno.

A fotografia que ilustra esta história de Natal demorou muitos e muitos anos para ser feita: o tempo necessário para que certos sonhos se tornem realidade.José Rezende JR 

23 de dez. de 2010

garotos podres - papai noel filho da puta

PAPAI DE QUEM????





PAPAI DE QUEM? QUEM SERÁ O PAPAI NOEL DO MENINO DE RUA ,DA GAROTA VIOLADA EM SUA INOCENCIA ,DA MÃE QUE COLOCA OS FILHOS PRA DORMIREM MAIS CEDO COMO FORMA DE ENGANAR A FOME,DORME MEU FILHO ASSIM VC NÃO SENTE FOME, E SONHA QUE O VELHO NOEL TE TROUXE MUITA COMIDA ATÉ PANETONE ,POIS PRA VCS BRINQUEDOS JÁ NÃO É IMPORTANTE ,COMO BRINCAR COM UM BICHO ROENDO AS TRIPAS,BASTA  QUALQUER REBENGO PRA ENCHER O ESTOMAGO E PRONTO.SERÁ QUE ESTE SAFADO VAI PASSAR PELA AFRICA FAMINTA ,PELAS FAVELAS DO MUNDO?TALVEZ.... ATIRANDO BALAS VAGABUNDAS AO CHÃO, COMO SE ATIRA OSSOS AOS CÃES,CÃES DE RUA É CLARO, POIS ATÉ OS CÃES BEM POSICIONADOS DELE TERÃO AFAGOS E PRESENTINHOS.MAS AOS DESGRAÇADOS NÃO IMPORTAM OS SINOS OU AS LUZES ,DEITAM-SE BEBADOS, DROGADOS,CRIANÇAS BANDIDAS ,MULHERES E HOMENS TODOS TÃO HUMANOS QUANTO QUALQUER UM DE NÓS,MAS MUITOS DE NÓS E A MAIORIA DELES JÁ ESQUECERAM-SE DISSO,ONDE ESTARÃO SEUS PRESENTINHOS,CURTAM OS GAROTOS PODRES.ATÉ MAIS Hannamay

19 de dez. de 2010

DEPUTADOS AUTO-REAJUSTÁVEIS,UM TAPA NA CARA DA POPULAÇÃO

Por mim... Eles ganhariam salário mínimo!
Afinal... 
-Ganham 13º, 14º e 15º salário.
-Recebem outro adicional monstruoso só para contratar assistentes.
-Trabalham de terça à quinta, das 10 às 18,os mais abnegados é claro.
-Não gastam com carros.
-Não gastam com combustíveis 
-Não gastam com o aluguel,muito menos com telefone ou correios
-Sentan-se em cadeiras de 7 mil reais...
.
O que mais eles querem???
Ah... é claro, que ainda desviam  dos IMPOSTOS ,CAMPANHAS ,LICITAÇÕES FRAUDULENTAS,CAIXA DOIS  TRES QUATRO, EMPRÉSTIMOS FACILITADOS ,VIAGENS AO EXTERIOR PARA CONGRESSOS ,LOB PARA GRANDES EMPRESAS PARA SUSTENTAR ORGIAS E AMANTES,TRANSAÇÕES SUJAS NAS MADRUGADAS  EM MANSÕES NA REGIÃO NOBRE DOS LAGOS,REGADAS A BOM E VELHO WISK ESCOCES,CASTELOS E EMPREENDIMENTOS  ORIUNDOS DOS DUCTOS FINANCEIROS QUE PERCORREM O PAÍS DE SUL A NORTE.E isso que minha memória já não é das melhores...
Enquanto isso, ali do lado da esplanada dos ministérios, no hospital de base, pessoas deixam de ser atendidas por falta de soro fisiológico, seringas e até gaze,e aí em quem vc vai votar nas proxímas eleições??Paro por aqui. Hannamay

HORA DA MANIFESTAÇÃO INDIGNADA

'Judiciário tem responsabilidade pela corrupção'
O ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), há dois anos ganhou notoriedade por relatar o processo do mensalão do PT e do governo Lula. Em 2009, convenceu os colegas a abrir processo contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) para apurar se ele teve participação no mensalão do PSDB mineiro. Em entrevista ao GLOBO, Joaquim não quis comentar o mensalão do DEM, que estourou recentemente no governo de José Roberto Arruda, do Distrito Federal. Mas deixou clara sua descrença na política e sua dificuldade para escolher bons candidatos quando vai votar. E o ministro, de 55 anos, não poupou nem os tribunais: “O Judiciário tem uma parcela grande de responsabilidade pelo aumento das práticas de corrupção em nosso país”.
O GLOBO: Por que aparecem a cada dia mais escândalos envolvendo políticos? A corrupção aumentou ou as investigações estão mais eficientes? JOAQUIM BARBOSA: Há sim mais investigação, mais transparência na revelação dos atos de corrupção. Hoje é muito difícil que atos de corrupção permaneçam escondidos.
O senhor é descrente da política? JOAQUIM: Tal como é praticada no Brasil, sim. Porque a impunidade é hoje problema crucial do país. A impunidade no Brasil é planejada, é deliberada. As instituições concebidas para combatê-la são organizadas de forma que elas sejam impotentes, incapazes na prática de ter uma ação eficaz.
A quais instituições o senhor se se refere? JOAQUIM: Falo especialmente dos órgãos cuja ação seria mais competente em termos de combate à corrupção, especialmente do Judiciário. A Polícia e o Ministério Público, não obstante as suas manifestas deficiências e os seus erros e defeitos pontuais, cumprem razoavelmente o seu papel. Porém, o Poder Judiciário tem uma parcela grande de responsabilidade pelo aumento das práticas de corrupção em nosso país. A generalizada sensação de impunidade verificada hoje no Brasil decorre em grande parte de fatores estruturais, mas é também reforçada pela atuação do Poder Judiciário, das suas práticas arcaicas, das suas interpretações lenientes e muitas vezes cúmplices para com os atos de corrupção e, sobretudo, com a sua falta de transparência no processo de tomada de decisões. Para ser minimamente eficaz, o Poder Judiciário brasileiro precisaria ser reinventado.
Qual a opinião do senhor sobre os movimentos sociais no Brasil? JOAQUIM: Temos um problema cultural sério: a passividade com que a sociedade assiste a práticas chocantes de corrupção. Há tendência a carnavalizar e banalizar práticas que deveriam provocar reação furiosa na população. Infelizmente, no Brasil, às vezes, assistimos à trivialização dessas práticas através de brincadeiras, chacotas, piadas. Tudo isso vem confortar a situação dos corruptos. Basta comparar a reação da sociedade brasileira em relação a certas práticas políticas com a reação em outros países da America Latina. É muito diferente.
Como deviam protestar? JOAQUIM: Elas deviam externar mais sua indignação.
É comum vermos protestos de estudantes diante de escândalos. JOAQUIM: O papel dos estudantes é muito importante. Mas, paradoxalmente, quando essa indignação vem apenas de estudantes, há uma tendência generalizada de minimizar a importância dessas manifestações.FonteSite doChico Bruno

AUMENTO PARA DEPUTADOS É JUSTO, O QUE É JUSTIÇA PRA VC?








É fato, é notícia: os Deputados do Brasil querem aumento de salário. O salário atual de R$12.847,00 passaria para R$24.600,00, o que resultaria em um gasto anual de 150 milhões de reais ao Congresso. Fácil de compreender. Não sei porque todo esse alarde contra este aumento, os Deputados merecem.
A dignitude de conduta na representatividade popular não pode ser executada por qualquer um. Os Deputados são seres mágicos que dependem de muito dinheiro para fazer-nos representados diante do colossal bife de problemas que o país enfrenta. Quanto mais dinheiro, mais trabalho. Pode-se comparar com nosso amigo chinês da foto que abre o texto. Por sua altura – maior humano do mundo – e exclusivamente por isso, ele consegue ajudar os golfinhos introduzinho sua mão no estômago deles para retirar pedaços de plásticos que poderiam matá-los.
Então. Assim como a altura do gigante permitiu que ele conseguisse realizar uma tarefa nobre, nossos políticos com salários espetaculares farão verdadeiros milagres. Seremos imediatamente agraçados por perspectivas de crescimento de 20% ao ano e teremos todos aumento da qualidade de vida.
Eu sei que todos concordam comigo, duvida? Olha só: Todos vão xingar os Deputados mas ninguém vai agir. Sindicatos e organizações vão atrás de vantagens semelhantes para os seus protegidos. A TV vai noticiar sem tomar posição. No final a vida vai continuar como antes, todos aceitando o salário dos Deputados, e se aceitam é porque concordam, concordam porque não agem.
Os shoppings continuam a piscar no natal e seremos felizes para sempre. Esse é o Brasil. Uma terra mágica na qual existem funcionários que o povo paga sem decidir o salário, e paga bem.Eh eh oh vida de gadooooooo povo marcadooooo ehhhhhhhh povo feliz!!!!

10 de dez. de 2010

BOM FINAL DE SEMANA ,E FIQUEM EM PAZ




POIS É, EU PERGUNTO.....







Seria o mundo uma droga ,ou seriamos nós a droga do mundo,desde os primórdios a humanidade tem necessidade de droga-se,não é um fato da modernidade certamente.Mas creio que perdemos algo precioso e já não temos mais como reencontrar isso em nós mesmos.Eu choro por todas as desgraças humanas pois queira eu, ou não ,faço parte delas.O tema da liberação das drogas, é muito mais complexo do que se pode avaliar ,não pode ser decidido por meios de comunicação ,meia dúzia de sociólogos arrogantes ou por políticos hipócritas e muito menos em um plebiscito popular.Tem imagens que não querem, ou requerem palavras pois, nenhuma delas conseguiriam descreve-las em realidade.Por isso hoje deixo aqui um pouco da minha amargura em retratos humanos, e se possível encontrar alguém para compartilhar essa mistura de impotência e dor.Hanna

DROGAS LIBERAR GERAL É SOLUÇÃO,PROIBIR E CRIMINALIZAR??


DROGAS : LEGALIZAR, TOLERAR OU PROIBIR
Delegacia de repressão a entorpecentes, Divisão de repressão a entorpecentes, Coordenação de repressão a entorpecentes, Departamento de Narcóticos, e muitos outros cargos e funções de nomes pomposos. É o que rendeu até agora a luta especializada da polícia contra o tráfico de drogas. Milhares de cruzeiros, cruzados, reais e até dólares, gastos neste combate. Dezenas de policiais mortos, feridos, acuados ou corrompidos na luta diária contra as drogas.
Ah, não sejamos injustos, muita estatística também foi produzida por vários envolvidos nesta luta. Estatísticas estas todas tristes, mais ainda, estarrecedoras e desconcertantes. Tantos milhões de viciados, e entre estes um alto percentual de soropositivos contaminados pelo compartilhamento de seringas. Tantos milhões de dólares aplicados no combate aos entorpecentes, em vez de em casas populares, geração de empregos, saneamento básico, etc.
Infelizmente não para por aí, colecionamos ainda outros dados alarmantes, como por exemplo um número enorme de jovens e pais de família viciados, muitos policiais confusos, desviados, corrompidos, feridos ou mortos, pelo poder dos cartéis das drogas. Vidas inocentes ceifadas ou abreviadas por balas perdidas ou em confrontos com rivais. E, o que torna ainda mais improfícua toda a ação antidrogas, o poderoso aparato de apoio ao crime montado nas entranhas da própria polícia, do Ministério público, do Judiciário, das instituições financeiras, e até do Poder Legislativo em todos os níveis, que revive os Judas e os lobos em pele de cordeiro.
Em artigo publicado em julho de 2001, a conceituada revista The Economist cita que, apesar de os EUA gastarem de 35 a 40 bilhões de dólares ao ano, do contribuinte americano, no combate às drogas, o preço da cocaína e da heroína, caíram pela metade nas décadas de 1980 e 1990, o que significa que aumentou a oferta. Não é de todo descabida a desconfiança de que a superpotência americana usa o proibicionismo extremo das drogas apenas como uma desculpa para intervir, às vezes militarmente, em países como Colômbia, Bolívia, Peru, Afeganistão, Turquia, e manter assim sua influência global.
No entanto, afortunadamente o ser humano sofre de otimismo crônico, e todos ficam tranqüilizados ao ouvir que agora o crime organizado está sendo enfrentado da forma correta, através do combate globalizado à lavagem de dinheiro. Longe de nós querermos ser agourentos, mas não conseguimos nos furtar à seguinte reflexão: Será que o dinheiro sujo do crime e o dinheiro sujo da corrupção não usam as mesmas lavanderias? Será que os políticos e poderosos deixariam que se aprofundasse uma investigação que desvendasse suas artimanhas?
O certo é que a droga é motivo de guerra e destruição desde final do século XIX com a Guerra do Ópio, que terminou com a China entregando Hong-Kong à Inglaterra por 150 anos, como compensação por ter destruído 1300 toneladas de ópio da Índia, então colônia inglesa. Mais tarde, em 1909, na Conferência de Xangai, várias nações reunidas decidiram pela proibição da produção do ópio, proibição esta não muito obedecida. A China procurou então, apoio nos já influentes Estados Unidos da América, através da Liga das Nações, e foi então convocada em 1911 a Convenção de Haia.
A China pretendia obter na Liga das Nações, uma resolução que proibisse a Inglaterra de continuar produzindo ópio em suas colônias asiáticas. Já então vemos como a questão das drogas se mistura com economia e política, na presteza com que os Estados Unidos apoiaram a pretensão chinesa, que atingiria uma importante fonte de renda e poder do Império Britânico. A Inglaterra, então, para não perder sozinha, exigiu que fossem incluídos nas discussões os derivados do ópio, como a morfina, a heroína e a codeína, e também a cocaína. A Convenção de Haia se encerrou em janeiro de 1912, com a proibição da cocaína, do ópio e de seus derivados, excetuando-se desta proibição a codeína, que tem largo uso medicinal. Não é a toa que a década de 1920, quando efetivamente entrou em vigor a Convenção de Haia, ficou marcada pelo surgimento de grupos criminosos violentos e organizados, a maioria deles ligados ao comércio de drogas.
Têm surgido, atualmente, em todos os continentes, vários movimentos anti-proibicionismo, alguns defendendo a liberação ou a descriminalização do uso da maconha, outros defendem o mesmo tratamento só que para todas as drogas atualmente proibidas, e têm ainda os que defendem não só a descriminalização mas a legalização total de todas as drogas.
Todos os que defendem estas posições se apóiam em argumentos interessantes. Como já citado antes, em que pese o volume sempre crescente de recursos gastos no combate às drogas, estas se disseminam em progressão geométrica pelo mundo, o que nos evoca a figura mitológica da Hidra de Lerna, que ao ter uma de suas cabeças cortadas, imediatamente a recriava. Os adeptos da liberação defendem ainda, que a proibição cria o “efeito do fruto proibido”, fazendo crescer o consumo principalmente entre os jovens. Outro tema largamente discutido, inclusive em meios acadêmicos e jurídicos, é o destino dado aos recursos arrecadados pelo tráfico de drogas. Sendo dinheiro de origem ilícita, obviamente não circula pelos canais da economia, alimentando o crime organizado como um todo, a corrupção policial e do judiciário, e mesmo financiando campanhas de políticos comprometidos com os interesses de seus financiadores.
O fato é que o tráfico de drogas, entre outros fatores, insufla a violência e a criminalidade, trazendo insegurança generalizada à sociedade. Após quase um século da implementação das proibições da Convenção de Haia, não há muito a comemorar quanto aos benefícios trazidos por ela. O volume de drogas consumido cresce a cada ano, novas drogas sintéticas de efeito maléfico impressionante no organismo surgem constantemente. Uma intervenção militar e policial não declarada dos EUA na Colômbia, não foi capaz de erradicar os plantios de coca e papoula na região, tendo como resultado mais comemorado a prisão e a morte de Pablo Escobar, o que serviu apenas para fazerem surgir novas lideranças e novos cartéis, mais modernizados e organizados, como a Hidra da mitologia.
Diversas personalidades políticas e intelectuais pelo mundo, acenam com a necessidade de ao menos repensar o atual sistema de repressão às drogas. Em recente solenidade comemorativa dos 200 anos da Universidade de Antioquia na Colômbia, que contou com a presença do presidente Álvaro Uribe, o escritor colombiano Garcia Márquez disse ”...não é imaginável o fim do tráfico sem que se produza a legalização do consumo”. Em outro documento intitulado “À Pátria amada, ainda que distante”, o mesmo Garcia Márquez defende que “não é possível imaginar o fim da violência na Colômbia sem a eliminação do narcotráfico, e não é possível imaginar o fim do narcotráfico sem a legalização da droga, mais próspera a cada instante, quanto mais é proibida”.
Em recente artigo intitulado “A droga e a dependência da ONU”, Walter Fanganiello Maierovitch, ex Secretário Nacional Anti-drogas, e conhecido adversário do proibicionismo extremo da política americana conhecida como “War on Drugs”, guerra às drogas,  cita relatório da ONU que estima uma movimentação anual de US$400 bilhões do tráfico de drogas, mais US$ 290 bilhões do tráfico de armas”, e diz que todo esse montante circula pelos canais internacionais de lavagem de dinheiro. Maierovitch cita ainda, o desconforto e isolamento dos representantes americanos nos órgão multilaterais da ONU que lidam com a questão das drogas, e em seus relatórios criticam asperamente as ONG’s que procuram introduzir políticas de redução de danos, que segundo eles seria um passo em direção à legalização.
Walter Maierovitch se refere ainda, a novas políticas que têm sido implementadas por diferentes países europeus, como Inglaterra, Alemanha, Holanda, Suíça, Espanha, e até pelo Canadá, na direção de uso medicinal e terapêutico de drogas como a heroína e a maconha. Há ainda, casos como a Inglaterra e o Canadá que aprovaram leis descriminalizando o porte de pequenas porções de maconha. Alguns destes países adotaram, como medida sanitária, as narcossalas (safe injection rooms), como uma forma de ter um local especial para o uso de drogas, sem o risco de contaminação. O ex-juiz cita como outro resultado negativo da guerra às drogas da Casa Branca, o êxodo de populações rurais de áreas de cultivo, que tiveram plantações erradicados ou fumigadas indiscriminadamente. Este êxodo acabaria por acelerar o desmatamento de regiões de floresta amazônica, e no caso dos plantadores de papoula do Afeganistão, a migração de grandes contingentes de desempregados para outras modalidades criminosas.
Em 1992 Gustavo de Greiff assumiu a Procuradoria Geral da Colômbia, e teve como um dos maiores feitos de sua administração a prisão de Pablo Escobar, e o desmantelamento do Cartel de Medellín. Virou herói. De Greiff, no entanto, contrariou os mandamentos anti-drogas da superpotência, e não desfrutou seu prestígio por muito tempo. Em 1994, em uma conferência sobre drogas em Baltimore, EUA, declarou-se a favor da legalização das drogas, dizendo que “a proibição é um desperdício de energia”. No mesmo ano o Procurador deixou o cargo e a Colômbia, e foi ser professor universitário no México.
Segundo a argentina Silvia Inchaurraga, secretária executiva da Rede Latino americana de redução de danos (RELARD), “legalizar as drogas não é legalizar as substâncias, é legalizar uma abordagem mais racional, efetiva, e humana dos problemas associados a elas e ao seu consumo. É uma alternativa à atual legalização de mentiras como a teoria da escalada (usar maconha leva a usar cocaína). A legalização é uma alternativa aos danos da proibição: contaminação de Aids pelo uso de seringa, violência policial, mercado clandestino, adulteração de substâncias e sobredoses.”
O atual Secretário Nacional Anti-drogas, General Paulo Roberto Uchoa diz que o debate da descriminalização ou legalização ainda não chegou à SENAD, “mas vai chegar, e vamos discuti-lo, com isenção, espírito aberto, ouvindo todos os segmentos da sociedade. O Governo e a SENAD vão defender a posição que a sociedade adotar.”
O Psiquiatra, professor, doutor, e pesquisador da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, Ronaldo Laranjeira, por outro lado recomenda cautela na discussão da descriminalização do porte ou da legalização, levando em conta princípios de saúde pública. Ele alerta que toda política em relação a qualquer substância danosa à saúde, lícita ou ilícita, deve priorizar a redução do consumo total, e que uma eventual liberação faria aumentar o consumo devido à oferta maior e mais aberta. O pesquisador cita, ainda, o exemplo da Lei seca nos EUA nos anos 1920, que logrou diminuir drasticamente o consumo de bebidas alcoólicas naquele País, mas por outro lado, fez crescer o crime organizado, o contrabando e a lavagem de dinheiro, bem como constatou-se um número elevado de casos de intoxicação por ingestão de bebidas de procedência e qualidade duvidosas. Laranjeira defende que não há qualquer indicação de que a liberação total ou parcial das drogas seja benéfica para a sociedade, mas afirma que caso seja adotada, nunca deve acontecer desacompanhada de uma política de tratamento, desincentivo ao uso e redução de danos.
Em certos países onde a discussão está mais adiantada, já surgem questões como se em caso de liberação, o cultivo, produção e distribuição seriam terceirizados, sob concessão e fiscalização estatal, ou operados diretamente pela iniciativa privada, seguindo moldes já aplicados ao tabaco e ao álcool.
O certo é que a questão é altamente polêmica, e sua discussão apenas engatinha. É notório também que o assunto envolve fortes paixões, às vezes por experiências pessoais ou próximas, outras por convicções religiosas ou morais, a exemplo de outros como transgênicos, aborto, células tronco, clonagem, etc. O que não dá para negar, no entanto, é que o modelo atual está desgastado e desacreditado. A sociedade de nossos dias não conseguirá evitar por muito mais tempo encarar estes questionamentos, racionalmente, sem paixões e sem precipitações. Nós policiais, mais do que qualquer cidadão, deveríamos remover os véus que envolvem o tema, e nos perguntar seriamente até quando vai se sustentar este modelo, em que a polícia finge que previne e reprime o tráfico, o judiciário finge que faz justiça, e todos vamos pra casa com a sensação do dever cumprido.
Ficarei realizado se após este artigo, me deparar com colegas, que entre uma apreensão e outra, se detenham para se perguntarem se estão fazendo tudo que deveriam a respeito das drogas. Terei atingido meu objetivo se estas considerações suscitarem reflexões e questionamentos que contribuam para o debate. Os policiais federais têm entre suas atribuições, por força de norma constitucional (Art 144 §1º Inciso II), o combate ao tráfico de entorpecentes. Por que então não liderar, ou ao menos ter uma postura pró-ativa que contribua para repensar um tema de importância tão capital para a sociedade, sociedade esta para cuja segurança a Polícia Federal existe

6 de dez. de 2010

AMAR TRAZ SAÚDE E BEM ESTAR,VIVA MUITO AMANDO!!


Os benefícios de amar

Segundo Ailton Amélio da Silva, doutor em psicologia e professor de relacionamentos amorosos e comunicação na USP, ter um amor correspondido deixa a pessoa:
- Mais bonita. "Estudos mostram que a pessoa fica mais bonita ao lado do amado do que longe dele", diz o especialista.
- Mais motivada.
- Cheia de energia.
- Com objetivos na vida.
- Calma, relaxada e otimista.

Faz bem ao coração e ao corpo

A pessoa que ama tem mais autoestima e:
- Cuida mais de si mesma.
- Pratica exercícios físicos, com isso evita doenças cardiovasculares.
- Se preocupa com a saúde, vai ao médico regularmente.
- Tem motivação para continuar na dieta.
- Tem mais disposição para sair, passear, namorar.
- Pensa na aparência, cuida do cabelo, usa maquiagem.

Dicas para um amor duradouro


- Escolha um parceiro com quem sinta prazer de conversar.
- Faça o possível para manter o interesse entre vocês em alta. E falem de sexo. Não vale transar só para satisfazer o outro. Se não sentir vontade, dê os motivos.
- Invista em seu sentimento. Entre na canoa com os dois pés, sem medo de ser feliz.
- Não cultive ideias negativas. Se estiver pensando que seria melhor voltar a ser solteira ou tentar um novo parceiro... Talvez seja verdade! Enfrente a situação com sabedoria e, sobretudo, com coragem.
- Com ele, cultive o hábito de perguntar, conversar, falar sobre seus sentimentos, trocar carinhos. Não se acomode, porque a relação fica chata.

Segredos para se manter apaixonada

- Ter uma admiração profunda pelo parceiro.
- Descobrir sempre algo novo sobre ele.
- Gostar de conversar e estimular a cumplicidade.
- Ter ciúmes sem cair no exagero.
- Fazer planos e dividir as responsabilidades.

Aposte na dupla amor + sexo

Fazer sexo com o amado alimenta o amor entre o casal. Não dá para achar que, porque já estão juntos há muitos anos, não tem novidade. Veja os benefícios do sexo na sua vida:
- Faz bem para a saúde.
- Transmite bem-estar.
- Aproxima o casal.
- Fortalece o relacionamento.
- Melhora a autoestima dos dois.
- Estimula a criatividade.
- Queima calorias.


CROÁCIA UM JOVEM PAÍS DE LONGA HISTÓRIA




A Croácia é um país jovem, é um país de recente criação, é um povo de origem eslava cuja história, até finais do século XX, andou muito ligada à da Ex-Jugoslávia. No entanto, seria errado dizer que o povo croata não teve história, pois na realidade, teve-a e muita.
Após andarem para trás e para a frente, os croatas instalaram-se na localização actual da Croácia, cerca do século VII. Dois séculos mais tarde, no século IX, tornaram-se num dos povos mais poderosos da região. Posteriormente, passou a fazer parte – de certo modo - do Império Austro-Húngaro, embora esta situação tenha mudado após a Primeira Guerra Mundial e a extinção do Império.

Mais próximo dos nossos tempos, mais concretamente em 1868, a Croácia ganha autonomia nacional, embora permaneça sob a Autoridade Húngara. Depois, uniu-se aos Sérvios e aos Eslovenos e, em 1929, constituem a Jugoslávia. Esta situação duraria até à Segunda Guerra Mundial, quando a Jugoslávia é invadida e a Croácia passa a fazer parte, à força, das tropas do Eixo. Após a sua derrota, a Jugoslávia reunifica-se novamente sob o comando de Tito.

A situação mantém-se estévl até 1991, ano no qual a Croácia declara a sua independência em relação à Sérvia, o que não não é visto com bons olhos por estes últimos, e, inclusivamente, regiões como a Krajina e aEslovénia negam-se a separar-se da Jugoslávia, tornando-se independentes da Croácia. Contudo, após 4 anos de guerra, as forças sérvias abandonam Krajina em 1995. Em 1998, a Croácia já tinha país, conseguindo o reconhecimento da ONU, e solicitando a sua entrada na União Europeia alguns anos mais tarde, concretamente em 2003, entrada que, neste momento, se encontra em estudo, embora se espere que tanto a Croácia como a Turquia entrem na UE antes de 2010.

CORAÇÕES MARGINAIS POESIA E RESISTENCIA

O período de exceção implantado no Brasil pela Ditadura Militar, na segunda metade do século XX, foi marcado por violências de todas as ordens. Queremos tratar aqui da violência do silenciamento e da forma que os poetas encontraram para resistir pela palavra. Os poetas engajados tomaram os fragmentos que emergiam da sociedade, devolvendo à linguagem a sua virtude extremamente metafórica, para romper os silêncios que lhes eram impostos pela censura. O lugar do sonho estava mais do que presente nos poetas. Pairava no ar a esperanç dos brasileiros apropriarem-se do Brasil.
O período de exceção implantado no Brasil pela Ditadura Militar, na segunda metade do século XX, foi marcado por violências de todas as ordens. Queremos tratar aqui da violência do silenciamento e das armadilhas utilizadas pelos poetas para resistirem a tantas arbitrariedades impostas pela Divisão de Censura e Diversões Públicas da Polícia Federal.
O perigo externo do comunismo consubstanciou-se em um perigo mais preocupante, posto que muito mais próximo: o "inimigo interno", agente de uma conspiração mundial. A tese do "inimigo interno" foi, ao mesmo tempo, antidemocrática e desagregadora, pois dividiu o País em dois grandes blocos: cidadãos leais e traidores; patriotas e antipatriotas, benditos e malditos, com o esquecimento oportuno e oportunista de que todos eram cidadãos brasileiros.
São palavras do próprio presidente Costa e Silva, quando da edição do Ato Institucional nº 5: "um governo para os virtuosos". Quem eram, então, esses "virtuosos"? é Oliveira quem responde:
O AI-5 concentrou uma gama de poderes no Executivo, mas o Presidente não os utilizará contra os "que nada devem". Os que não subvertem a ordem. Os que não se corrompem (...). "Os patriotas". A força só será utilizada para defender os "interesses maiores da nacionalidade"1
Os princípios que fundamentaram os propósitos do presidente Costa e Silva e a própria continuidade do golpe civil-militar de 1964 foram:Lei e Liberdade! Liberdade e Autoridade! Autoridade e Ordem! Estavam, portanto, desenhados, segundo o governo militar, os novos caminhos a serem trilhados a partir da edição do AI-5: Lei, Liberdade e Ordem. A "liberdade", ancorada na lei, na autoridade e na ordem, acabaria, inevitavelmente, por desembocar no autoritarismo, o que, na linguagem militar, significava manter a "coesão interna".
O presidente Costa e Silva, "ao vivo e em cores", assume com toda a tranqüilidade que a revolução não poderia correr riscos de qualquer espécie. Todas as vezes que fosse prenunciado qualquer tipo de ameaça ao poder constituído, seriam feitas novas "revoluções dentro da revolução". Com essa declaração do presidente, fica claro que, para os militares, em especial os da "linha dura", a revolução trazia em seu bojo um caráter de longa duração.
Dentre as várias formas de resistência possíveis a tudo o que estava posto pelos militares, a arte tornou-se um grande instrumento catalizador do pensamento nacional. Segundo Veronese, " a primeira função da arte é política, é chocar, uma vez que é instrumento para provocar reflexão entre as pessoas"2; ao "chocar" os poderes constituídos, sua possibilidade de reflexão tornou-se uma arma explosiva. O aspecto denunciador, reflexivo e polissêmico das linguagens artísticas fizeram com que elas se tornassem um verdadeiro "caso de polícia", colocadas, portanto, sob a vigilância da Divisão de Censura (não por acaso, vinculada, como já enunciamos, ao Departamento de Polícia Federal).
Esses "corações marginais"3 tomaram os fragmentos que emergiam da sociedade, devolvendo à linguagem a sua virtude extremamente metafórica, para romperem os silêncios que lhes eram impostos. O lugar do sonho estava mais do que presente nos poetas engajados. Pairava no ar a vontade e a esperança dos brasileiros se (re)apropriarem do Brasil.
Nos chamados "anos de chumbo" (1968-1978), por força da censura, criou-se toda uma "geração de malditos" - expressão cunhada e amplamente utilizada pela própria Divisão de Censura, atualizando, dessa forma, o maldito das cantigas medievais de escárnio e maldizer. Nesse período, as vozes dissonantes deveriam ser silenciadas, pois faziam parte do perigoso universo da subversão. Tomemos os versos do poeta Carlos Drummond de Andrade:
Quando eu nasci um anjo torto
Desses que vivem por aí, disse
Vai, Carlos, ser gauche na vida4
A partir da implantação da política do silêncio, que se impunha em todos os meios de expressão, o "anjo torto" drummoniano vai revelar muitos gauches na vida. Eram as vozes dos corações "desafiantes" e "desafinados", ou seja, os poetas que assumiram a poesia como veículo de resistência e que, por isso, se tornaram, aos olhos dos censores, "marginais", "malditos". Eles feriam, pela palavra transgressora, a ordem constituída e isto passou a ser tratado como subversão.
E com o silêncio eu me calei aflito.
E com o rumor me esgoelei sereno.
E ora eu cresci, e ora eu fiquei pequeno
Então pus dentro do silêncio o grito.
E no rumor virei-me o Nazareno.
Foi só depois que eu me tornei maldito.5
Os poetas foram transformados em malditos por assumirem todo um compromisso social e político, exercendo a militância pela palavra. Pinheiro, ao "calar-se aflito", "esgoelou-se sereno" para poder falar apesar do silêncio imposto. Assim como ele, muitos foram os que resistiram, acreditando na possibilidade do amanhã e na força de seu "mal dizer".
Pensar poesia é pensar emoção, envolvimento total. é como que sair de um mergulho com a visão plena da luz. Trabalhar poesia é emaranhar-se no tecido da linguagem. Produzir poesia é ter a consciência da linguagem. é construir verdadeiras armadilhas de palavras.
Os poetas, em especial, principalmente aqueles que cantavam seus versos, - aqui chamaremos de poetas-compositores - tornaram-se malditos, constituindo-se, então, em uma importante parcela dos "inimigos internos", perseguidos por suas vozes e ações dissonantes.
A censura, ao impor aos artistas uma pauta de domínio unilateral, ignorou o poder das palavras e da criação (essas jamais se esgotam), possibilitando, principalmente aos poetas, a busca de novos caminhos de interlocução com seus leitores em potencial. Segundo Bordelois6, a poesia é a tentativa de perguntar às palavras o que somos e nessas tantas perguntas possíveis surgem outros questionamentos que nos fazem ir além do dito. é ainda Bordelois quem nos diz que "a linguagem está antes e depois de nós, mas também está, felizmente, entre nós" e é através dela que se efetivam todos os possíveis diálogos, explícitos ou implícitos.
Os censores, ao colocarem as palavras sob suspeita, pretendiam confiná-las aos subterrâneos dos sentidos oficiais permitidos, porém elas, assumindo sua preciosa liberdade, não se submeteram a consignações e mandatos e explodiram em sentidos outros para além do dito.
é cama de gato
Melhor se cuidar
No campo do adversário
é bom jogar com muita calma
Procurando pela brecha
Pra poder ganhar7
É Gonzaguinha quem declara a necessidade de se jogar com muita cautela no campo do adversário. Quem são, então, os adversários? Justamente aqueles que detinham o poder e que deflagraram uma "guerra interna" sem descansos ou tréguas. Assim estava posto o jogo censor X censurado que vai permear toda a produção musical não só de Gonzaguinha, mas de todos os poetas-compositores que se colocaram na resistência pela palavra, através da Música Popular Brasileira.
Foi construindo pontes - "quando um muro separa / uma ponte une" 8 - que muitos jovens poetas-compositores, assumindo a "linguagem de fresta", conseguiram falar e se fazerem ouvir, apesar da censura. A Música Popular Brasileira, desta forma, lutou dignamente para não sucumbir ao algoz da censura. Jogo perigoso, sem dúvida alguma, de riscos calculados para alguns e de horizontes irrestritos para outros. Impondo-se pelas brechas deixadas e usando diferentes estratégias discursivas como veículos de resistência na luta pela restauração da plena liberdade de expressão, a MPB conquistou um espaço decisivo na luta contra o arbítrio.
Arte alguma, artista algum podem ser lidos e entendidos dissociados do seu tempo. A produção cultural reflete sempre as angústias, as buscas de saídas para conjunturas adversas, da mesma forma que pode refletir alegrias e regozijos, dependendo das condições em que estão postas. O poeta Ferreira Gullar é enfático ao afirmar que "não existe arte que não exprima, direta ou indiretamente, explícita ou implicitamente, uma ideologia".9
No período em tela - "anos de chumbo" - a produção cultural e artística refletiu a busca de novos caminhos estéticos e políticos. Engajada e extremamente rica, a MPB filiou-se à discussão das questões que assolavam o País, transformando o cantar em uma arma de denúncia e de luta.
A poesia, especificamente neste contexto, ganha a força do dizer, contribuindo para o alargamento do espaço do "dizível". No poema Agosto 1964, Gullar afirma que "a poesia agora responde a inquérito policial-militar".10 Assim, poetas e poesia ficam sob suspeita.
Era urgente dizer-se literariamente o novo - e vieram o Concretismo, a Poesia Práxis, a Poesia Participante, a Poesia Marginal dos anos 70 e tantas outras manifestações, de maior ou menos alcance.11
Nesse panorama de tanta necessidade de dizer e de tantas interdições, os poetas engajados tomam os fragmentos que emergem da sociedade, devolvendo à linguagem a sua virtude extremamente metafórica, para romper os silêncios que se impunham. Assim, a palavra impotente passa a transcender, a transgredir, ocupando o espaço da denúncia, por vezes irônica, mas nem por isso menos impactante.
O poema Maio 1964, de Ferreira Gullar, apresenta-se pleno de denúncia e nos apresenta 1964 com todos os seus índices de violência - "Mas quantos amigos presos! / quantos em cárceres escuros / onde a tarde fede a urina e terror."12 Ao lado do tom de denúncia, de revolta, há expresso todo um direito de construir utopias possíveis. é o direito de todo cidadão que " nenhum ato institucional ou constitucional pode cassar ou legar".13
O poeta apropria-se das vocábulos "cassar" e "legar" para afirmar que os sonhos dos indivíduos não podem ser controlados por atos institucionais, pois fogem a qualquer controle institucionalizado. E é justamente o lugar do sonho que estava mais do que presente nos poetas que tomaram nas mãos a responsabilidade de encontrar formas de resistência. Batista afirma que
(...) na produção musical popular, manifesta[va]-se uma vontade social de se construir a brasilidade enquanto espaço de identidade, mas também um espaço onde se [podia] inventar a utopia de uma terra e de uma gente rica, próspera e feliz, mas que, ao se depara[rem] com a ironia da situação real, sent[iam] vontade de transformá-la.14
Foi por esse desejo de transformação e movidos pelo sentimento profundo de justiça social que os poetas, em especial, assumiram a responsabilidade de "dizer" as "verdades" do seu tempo, tomando nas mãos esse tempo, para tecerem, na escrita, o espaço de (dês)velamento dessas "verdades". Pensar era ameaçador. Expressar-se pela escrita era mais ameaçador ainda. Escrever era, sem dúvida, um ato de libertação, de revelação, de tomada de posição. Eles ousaram, assim, resistir pela palavra. Aqueles jovens, apesar de estarem sob os coturnos da ditadura militar, permaneceram respirando arte brasileira, vivendo um período de grande explosão da música, do teatro, do cinema, da literatura, apesar da repressão e por sobre ela.
é correto dizer que o período da ditadura militar conheceu s valorização da palavra plena de sentido enquanto práxis política. Através dos poetas, a palavra assume eficácia e eficiência revolucionárias. A palavra poética confronta-se, portanto, com a palavra política, assumindo "uma força tal que põe medo no cordão rival"15, nas palavras de Paulo César Pinheiro.
No "cordão rival" de Pinheiro - "Conte comigo no seu carnaval / Tô me guardando contra o mesmo mal / O nosso enredo tem uma força tal / Que já pôs medo no cordão rival"16 - ou no "campo do adversário" de Gonzaguinha - "No campo do adversário / é bom jogar com muita calma / Procurando pela brecha / Pra poder ganhar"17 - estão os representantes do poder instituído.
Podemos afirmar que aqueles que assumem como matéria-prima a palavra trabalham com a relação estreita entre a experiência vivida e a produção textual, mas os poetas vão um pouco mais além. Seus signos estéticos estão intimamente tecidos em seus signos existenciais. Segundo Gullar, "o poeta indaga o mundo através da linguagem e duma linguagem que se propõe ser poesia, essa indagação se reflete como trabalho e sobre a linguagem."18 é, portanto, o mergulho pleno na subjetividade do poeta.
Não há, para o poeta, neutralidade nas ações de quem quer que seja, nem mesmo a música pode ser neutra, pois o não posicionamento implica, sem dúvida, no assumir uma posição diante do que está posto. Assumir uma posição está intrínseco à dignidade do ser pessoa. Fica ratificado, assim, o posicionamento de Ferreira Gullar quando diz que "não existe arte que não exprima (...) uma ideologia."19
Os poetas-compositores que optaram pela resistência através da palavra cantaram, de forma comprometida, "as lutas dessa nossa vida", "as barras pelaí"20 de que tanto nos falou Gonzaguinha. Eles acreditaram na "festa", metáfora tão usada por eles para falarem do por-vir, e "nas flores vencendo canhões."21 Resistiram apesar da censura. é Ana Maria Machado quem nos fala:
(...) esgrimando com palavras diante de um adversário (...) era apenas uma questão de sensibilidade exagerada, percepção aguda voltada para as palavras.22
Sensibilidade que não poderia aflorar em um regime de exceção, por isso era necessário que se esgrimasse com palavras, assumindo um total domínio da linguagem. Buscava-se, assim, as melhores e mais criativas possibilidades para o dizer pleno. Trabalhava-se, portanto, com as armadilhas que a linguagem disponibilizava.Sociedade brasileira de pesquisa histórica

QUEM NÃO OUSARIA????????

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COLHER TÃO LINDA ROSA?????

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