DOR COTIDIANA ...IRREMEDIÁVEL

Quantas vezes na minha vida senti medo de enlouquecer,foram muitas ,quantas vezes em minha vida temi a sanidade dos frios outras muitas e tantas.Varias foram as vezes que senti vontade de não mais fazer parte deste teatro envernizado colorido por tintas que eu não concebi,pois dentro de mim apenas o escuro  e o vermelho de toda a carnificina que se tornou a civilização de engravatados siliconados  e turbinadas, de cérebros estúpidos e corações miseráveis,cada dia morre um pouco a minha esperança no humano ,se é que já não a sepultei a muito,e busco apenas uma forma de enganar-me. alguem é capaz de seguir cantarolando pelas ruas irresponsavelmente,ou assobiando aquela canção de amor que um dia foi sua cúmplice nos delírios desejosos de sua juventude?Claro que não!A não ser alguem que embora vivo esteja morto,ou tenha se abrigado no colo eficaz da loucura para fugir da lucidez angustiante ,carrasca de cada dia.Porra eu não consigo mais cantar, as musicas que eu mais gosto parecem-me idiotas vazias,o sexo tornou-se fuga ou exercicio de vaidade,ah ...e os afetos que se tornaram barganha ,negócio, todo mundo quer ganhar alguma coisa,quer conseguir algo a partir da estrada frágil do seu ,do meu ,do nosso bem querer,é muita amargura,ou é apenas a observação de alguem que percebeu a capacidade absurda de sermos indiferentes e cruéis fora de hora?Pois a crueldade ,a dor a indiferença faz parte da vida ,de nosso prazer e de nossa dor,mas há que ser em momento exato,e não transformada em coisa banal ,cotidiana e irremediavel.Eu quero  fletar com minha dor para conhece-la, seduzir minha dor para toca-la e faze-la apenas minha e deixar que todo o sangue escorra pela minha pele branca em arrepios,parir minha própia dor,mas não quero comer,respirar,transpirar a dor enlatada que inventaram para mim ou para nós,até a dor tem que ter dna para ser única  e por tanto veneno único remédio único,não quero nada que me venha sem identidade,quero apenas o direito de tocar o centro da ferida sentir sua textura e seu calor no macio de meus dedos,e reconhece-la como minha ,e eu pertencente a ela.Até quando me pergunto, e já respondo quem sabe por alguns instante ,algumas horas ou para todo o sempre,até que um tiro ou desepero causticante  me despedacem ,como se possivel fosse ,por hoje é o que deixo a vcs.Hannamay